Conceitos, preconceitos, Artaud e o Teatro
O Hugo esses dias colocou uma questão interessante sobre a homossexualidade e os tabús sociais com os quais convivemos (veja link ao lado"Debaixo d'água", postagem "Panis et Circencis"). Desde pequeno sempre gostei muito de filosofar, questionar e criar minhas próprias teorias sobre o mundo e sobre as coisas do mundo. Infelizmente, sou um entre poucos. Mais difícil ainda de encontrar são pessoas que foram educadas para isso .
É muito importante dar liberdade ao corpo para criar suas idéias próprias e, também importante, um senso crítico que seja ao mesmo tempo teimoso e passível de mudanças (digo corpo porque não é só a mente que pensa. Leia corpo como corpo + alma, um todo). Do excesso de passividade é que formam-se tabús que demoram tanto a ser quebrados. Cito um exemplo dentro do teatro: Se perguntam - "por que o teatro tem que ser encenado dentro de um palco em visão frontal (como na televisão)?", o condicionamento passivo provoca a respota -"Porque todo mundo faz assim!".
Vivo no teatro desde criança. Minha mãe é atriz e diretora. A música veio depois, instalou-se como profissão, mas o teatro é essencial para mim. E, assumo, mantive o condicionamento comum da grande maioria até poucos anos atrás. Claro que isso não mudou de uma vez, mas teve um "start" significativo quando conheci o agora mestre em artes cênicas pela USP Teotônio Sobrinho, sua esposa Cíntia e os escritos de Antonin Artaud.
Artaud mudou todas as bases de nossa atual sociedade. Muitos ainda não percebem isso claramente, mas suas idéias sobre mitologias primitivas permitiram que elas tivessem um respeito maior hoje em dia do que tinham no século XIX, por exemplo. Poderia me alongar nesse assunto indefinidamente, mas não preciso. Basta citar a arte pop e as performances dos anos 60, ou o "status" que tem a tal da "World Music" pelo mundo de hoje. Não confundam, não sou nenhum estudioso de Artaud! Apelas lí suas obras, conheci gente que trabalha isso no teatro e estudei um pouquinho da história da arte. Por isso, me perdoem se esqueci de algum elemento importante.
Ele, sim, foi um louco, internado e eletrocutado até esquecer o próprio nome. Mas o que os médicos não sabiam é que Artaud era o louco mais são do mundo, pois era um questionador. Um grande poeta e escritor que, paradoxalmente, não aprovava que o teatro tivesse a literatura como base e centro. Aliás, isso é assim até hoje. Basta alguém dizer - "Estamos trabalhando num novo espetáculo", que 90% perguntaria de volta - "Ah, é? E qual é o texto que estão usando?". Isso não soa um tabú horrível? Pra mim sim, e me fez sentir uma vaca pastando numa pradaria de conformidades, quando cheguei a essa conclusão.
É daí que surgem todos os tabús, minha gente! Da falta de questionamento, da ausência do tal do "senso crítico" citado no começo. Senso = percepção. Crítico = análise, julgamento. Simples assim. É não aceitar de graça todas as informações, mas também não rejeitá-las rapidamente. Há de haver um equilíbrio.
O que falta é educar nossas crianças para que reflitam, questionem, experimentem! Não digo que faço isso sempre, pois, apesar de questionar, estou preso a diversos padrões sociais que não percebo. Mas quando meu sobrinho me pergunta - "tio, pra que serve isso?", eu procuro não entregar uma resposta que ele seja obrigado a aceitar, mas sim uma espécie de "confusão positiva", que o faz tirar suas próprias conclusões.
Quem sabe, no futuro, a humanidade aprenda a transmutar-se um pouco mais rapidamente e adaptar-se à única verdade, a verdade absoluta, que não está escrita em nenhum livro, mas que é inerente ao que o próprio Artaud chama de drama universal, a essência de todos os porquês. A razão de estarmos nesse mundo.
Afinal, quem somos nós? De onde viemos? Para onde vamos? O que fazemos aqui? Aliás, o que é o "aqui"?
É muito importante dar liberdade ao corpo para criar suas idéias próprias e, também importante, um senso crítico que seja ao mesmo tempo teimoso e passível de mudanças (digo corpo porque não é só a mente que pensa. Leia corpo como corpo + alma, um todo). Do excesso de passividade é que formam-se tabús que demoram tanto a ser quebrados. Cito um exemplo dentro do teatro: Se perguntam - "por que o teatro tem que ser encenado dentro de um palco em visão frontal (como na televisão)?", o condicionamento passivo provoca a respota -"Porque todo mundo faz assim!".
Vivo no teatro desde criança. Minha mãe é atriz e diretora. A música veio depois, instalou-se como profissão, mas o teatro é essencial para mim. E, assumo, mantive o condicionamento comum da grande maioria até poucos anos atrás. Claro que isso não mudou de uma vez, mas teve um "start" significativo quando conheci o agora mestre em artes cênicas pela USP Teotônio Sobrinho, sua esposa Cíntia e os escritos de Antonin Artaud.
Artaud mudou todas as bases de nossa atual sociedade. Muitos ainda não percebem isso claramente, mas suas idéias sobre mitologias primitivas permitiram que elas tivessem um respeito maior hoje em dia do que tinham no século XIX, por exemplo. Poderia me alongar nesse assunto indefinidamente, mas não preciso. Basta citar a arte pop e as performances dos anos 60, ou o "status" que tem a tal da "World Music" pelo mundo de hoje. Não confundam, não sou nenhum estudioso de Artaud! Apelas lí suas obras, conheci gente que trabalha isso no teatro e estudei um pouquinho da história da arte. Por isso, me perdoem se esqueci de algum elemento importante.
Ele, sim, foi um louco, internado e eletrocutado até esquecer o próprio nome. Mas o que os médicos não sabiam é que Artaud era o louco mais são do mundo, pois era um questionador. Um grande poeta e escritor que, paradoxalmente, não aprovava que o teatro tivesse a literatura como base e centro. Aliás, isso é assim até hoje. Basta alguém dizer - "Estamos trabalhando num novo espetáculo", que 90% perguntaria de volta - "Ah, é? E qual é o texto que estão usando?". Isso não soa um tabú horrível? Pra mim sim, e me fez sentir uma vaca pastando numa pradaria de conformidades, quando cheguei a essa conclusão.
É daí que surgem todos os tabús, minha gente! Da falta de questionamento, da ausência do tal do "senso crítico" citado no começo. Senso = percepção. Crítico = análise, julgamento. Simples assim. É não aceitar de graça todas as informações, mas também não rejeitá-las rapidamente. Há de haver um equilíbrio.
O que falta é educar nossas crianças para que reflitam, questionem, experimentem! Não digo que faço isso sempre, pois, apesar de questionar, estou preso a diversos padrões sociais que não percebo. Mas quando meu sobrinho me pergunta - "tio, pra que serve isso?", eu procuro não entregar uma resposta que ele seja obrigado a aceitar, mas sim uma espécie de "confusão positiva", que o faz tirar suas próprias conclusões.
Quem sabe, no futuro, a humanidade aprenda a transmutar-se um pouco mais rapidamente e adaptar-se à única verdade, a verdade absoluta, que não está escrita em nenhum livro, mas que é inerente ao que o próprio Artaud chama de drama universal, a essência de todos os porquês. A razão de estarmos nesse mundo.
Afinal, quem somos nós? De onde viemos? Para onde vamos? O que fazemos aqui? Aliás, o que é o "aqui"?